(1)
Helcias Bernardo de Pádua
Com
o aumento do número de criatórios e consequentemente o incremento da
procura e uso da água, os aqüicultores podem ou até já estão se
tornando alvos preferidos dos órgãos de controle ambiental,
comprovadamente pela imposição de regras, leis e exigências, tanto no
aspecto do uso do terreno, do uso/ reuso e despejo das águas, da escolha,
introdução e translocação de espécies exóticas ou nativas e até
quanto ao aspecto sanitário do produto obtido.
O
desenvolvimento da atividade aqüicola, juntamente com a tomada de
consciência relativamente recente dos problemas ambientais, justifica
plenamente a atenção que se deva oferecer ao item "qualidade da
água" em especial à aquela advinda das ações das criações
intensivas e semi-intensivas.
Para
a água utilizada na aqüicultura, sugere-se que os criadores devam
estabelecer normas de conduta quanto: a sua obtenção; o seu uso e reuso; a
sua disposição e, se preocupem em aplicar métodos de avaliação e
recuperação simples e objetivos.
Distingui-se
três categorias na água utilizada pela aqüicultura: a água de origem, a
água de uso e a água de lançamento.
-
Água de origem - oriunda
de uma fonte, nascente, represa, lago ou córrego formado e que vai
abastecer todo o sistema de criação.
Na
aqüicultura de água doce, a preferência é pela captação direta de uma
nascente, em especial nas criações de truta.
Após
percorrer certa distância entre o seu brotamento e a sua captação,
poderá apresentar carga orgânica e minerais arrastados no percurso ou que
compõem o solo de origem.
-
Água de uso - é a água
utilizada no sistema em contato com a criação (tanques, valetas,
canais ou tubos de distribuição e reuso), cuja qualidade depende do
tipo de solo do tanque, da composição da água de origem, do manejo do
sistema de criação (calagem, adubação e limpeza, etc.), da carga e
composição do alimento lançado e dos organismos ali criados.
-
Água de lançamento -
oriunda de todo sistema de criação, com todos os resíduos e de
composição variável, dependendo do manejo e do tipo de criação.
Essas águas geralmente são orientadas para um corpo receptor
(córrego, rio, lago, etc.). São ricas em matéria orgânica e
inorgânica.
O
conhecimento e acompanhamento da qualidade dessas águas se faz necessário,
não só para evitar surpresas desagradáveis, como enfraquecimento e morte
dos organismos criados, mas também visando um adequado manejo do sistema de
criação, desde a melhor utilização da própria água, o controle da
alimentação e do comportamento dos organismos, etc.
-
Nas águas de origem
deve-se conhecer: a)... quando forem obtidas em nascentes, poços, etc.,
as variáveis: pH (testes analíticos ou potenciômetro pH); Temperatura
do "ar e da água" (termômetro); Dureza total (testes
analíticos para dureza total GH); Amônia (testes analíticos para
Amônia NH3 / NH4+ ); Nitrito (testes
analíticos para Nitrito NO2-); Condutividade (condutivímetro)
e a variável Ferro total na água e solo (testes analíticos para Ferro
Fe) quando da suspeita de sua presença no solo. b)... quando em águas
de percurso aberto como córregos, reaproveitadas ou mantidas em
represa, lago, etc., além das variáveis acima, analisar também:
Alcalinidade ou Dureza em carbonatos (testes analíticos para
alcalinidade/dureza em carbonatos Alc./KH; Turbidez (turbidímetro);
Oxigênio dissolvido (testes analíticos para O2 dissolvido
ou oxímetro); Fosfato total (testes analíticos para fosfato PO4+)
e Colifórmes totais/fecais (análise microbiológica/ laboratório ou
kit). Tal levantamento deve ser obrigatório, sendo feito antes da
instalação do projeto e, posteriormente a cada reinicio do ciclo de
criação ou quando da suspeita de alteração na qualidade da água.
-
Já na água de uso,
deve-se analisar: Oxigênio dissolvido (testes analíticos para O2
dissolvido ou oxímetro); Temperatura "do ar e da água"
(termômetro); Transparência (Disco de Sechi); pH (testes analíticos
ou potenciômetro pH); Alcalinidade ou Dureza em carbonatos (testes
analíticos para alcalinidade/dureza em carbonatosAlc./KH); Gás
carbônico (teste analítico para gás carbônicoCO2);
Amônia (testes analíticos para Amônia NH3 / NH4+);
Nitrito (testes analíticos para Nitrito NO2-);
Fosfato total (testes analíticos para fosfato PO4+);
Dureza total (testes analíticos para dureza total GH). Logicamente, as
variáveis como OD, temperatura, pH e transparência das águas devem
ser monitoradas com maior freqüência. Quando de maior preocupação em
relação a carga de nutrientes ou em sistemas de recirculação (uso e
reuso) deve-se monitorar as variáveis como a Demanda Química de
Oxigênio e Demanda Bioquímica de Oxigênio (análise laboratorial ou
em campo para DQO/DBO) e Colifórmes (análise microbiológica/
laboratório ou kit); Condutividade (condutivímetro). Abaixo, sugestão
(tabela) da periodicidade para algumas das variáveis.
-
Na água de lançamento é
importante caracterizar: Temperatura (termômetro ); pH (testes
analíticos ou potenciômetro pH); Oxigênio dissolvido (testes
analíticos para O2 dissolvido ou oxímetro); Amônia (testes
analíticos para amônia NH3 / NH4+);
Nitrito (testes analíticos para nitrito NO2-);
Nitrato (testes analíticos para nitrato NO3-);
Condutividade (condutivímetro); Fosfato total (testes analíticos para
fosfato PO4+); Demanda Química de Oxigênio e
Demanda Bioquímica de Oxigênio (análise laboratorial ou em campo para
DQO/DBO), Colifórmes (análise microbiológica/laboratório ou kit);
Sólidos totais ou Turbidez (análise laboratorial ou em campo). As
determinações deverão ser feitas logo após a saída dos tanques e/ou
no percurso das águas de descarga ou então conforme as exigências
ambientais (órgão ambiental), onde esteja instalada a criação.
*No
comércio especializado (pet shop, agropecuária, loja de produtos
químicos, loja de aquarísmo, etc.), o produtor pode encontrar diversos
kit(s) e equipamentos para análise e determinação das variáveis
necessárias na aqüicultura.
Freqüência
sugerida para as análises em "água de uso"
|
T.0 C
|
D.S.
|
O2 Diss
|
pH
|
NO2-
|
NH3
NH4+
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GH
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KH ou Alc.
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PO4+
|
CO2
|
D/ te
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m/ t
|
m
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m/ t
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m/ t
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t
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S/ te
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m/ t
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m/ t
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m/ t
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m
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m/t
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m
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Q/ te
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m
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M/ te
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m
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m
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m/t
|
m
|
Obs.:m =
manhã; t = tarde (Dia/ te; Semana/ te; Quinzena/ te; Mensal/ te)
Atenção:
Nas variáveis com dois apontamentos quanto a periodicidade de análise,
p.ex. dureza-GH, (quinzenal e mensal), o produtor deve optar por um só
intervalo, entre as análises.
*(1)
Biólogo - email: helcias@ifxbrasil.com.br
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